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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Impassível diante do Dragão *--*



Quanto tempo nos conhecemos? Sei lá.......Eu vinha, você ia......foi um encontro casual, comum. Milhares já se encontraram assim. Depois eu comecei a sentir algo, talvez uma saudade sem razão, sei lá......não era tristeza, não era alegria, era uma indecisão de amar você.

E eu passava momentos, olhando pra frente, desligado, sem ver nada. Gozado! Olhava e não via, estava absorto, parado, consumido por mim, uma verdadeira estátua em introspecção, estava encucado. Encucado com uma ausência que era presença. De repente, a interrogação indecisa foi evaporando e eu vi dentro de mim que era amor. Você estava enquadrada no que eu queria: desde o sorriso até as lágrimas. Você era o sim diante do altar, você era a mão certa na escalada incerta, você era o horizonte nítido...o agasalho....mas eu cometi um erro: Não perguntei se eu também era tudo isso prá você.

A verdade é que não era, eu não estava enquadrado no que você queria. Eu era o não. Não era sorriso, não era agasalho, não era nada.... Era um ser andante maravilhosamente invisível para você.

De repente a exclamação veio em <closed> e eu fiquei afirmando os seus defeitos. Fiquei procurando tudo o que você fazia de errado....e você não fazia. Fiquei torcendo pra você me decepcionar. Afundei-me como arqueólogo nas ruínas da sua imagem adorada...e você permaneceu intacta.

Eu quis desmanchar a ilusão, quis vomitar um amor que me assentava bem e eu torci para você me decepcionar. Eu queria tanto sentir raiva de você, ódio, no entanto, você se manteve a mesma. Impassível diante do dragão, no qual me transformei.

Então, me decepcionei comigo porque não compensei o que queria com o que sentia. E numa noite, não muito longe, resolvi selar a carta de despedida: fechei os olhos, as lágrimas pingaram uma a uma e eu adormeci, sonhando o sonho da aceitação.

Neimar de Barros

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